sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Após incêndio que matou milhares de peixes no litoral de São Paulo, saí em defesa dos pescadores artesanais e do meio ambiente.

Com o presidente da Colônia Z3, Edson Claudino, e o
superintendente Marcos Alves Pereira 
“Em 40 anos como pescador nunca vi tanta morte no mar”. Foi com esse depoimento do pescador Jair Amorim que começou a reunião  (24/10) na cidade do Guarujá com profissionais do setor. Eu estive na Colônia Z3 para conversar com os pescadores que estão há uma semana sem trabalhar devido ao incêndio nos galpões da empresa Copersucar, no Porto de Santos. Metal e açúcar derreteram e caíram no mar causando a morte a milhares de peixes e outras espécies marinhas no canal do Estuário entre Santos e Guarujá, no litoral de São Paulo. Os pescadores estão desesperados.
Sou membro atuante da Frente Parlamentar da Pesca e Aquicultura e da Comissão Permanente de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa e já estou elaborando relatório inicial dos danos causados pelo incêndio. Na próxima semana vou apresentar o problema à comissão e à frente parlamentar e formaremos um grupo de estudos para apurar os danos ao ecossistema local. É preciso saber de quanto foi o prejuízo à natureza, se ela irá conseguir ser restaurada completamente e quanto tempo isso pode levar. O prejuízo pode ser incalculável.
Anotamos todos os depoimentos.
A Colônia Z3 é formada por cerca de 250 pescadores que foram representados na reunião por 15 profissionais. Também esteve presente na reunião o Superintendente Federal do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) do Estado de São Paulo, Marcos Alves Pereira, e a responsável pelo escritório regional do MPA de Santos, Diana Gurgel. Além dessa colônia, cerca de 1800 pessoas vivem da pesca tanto em Santos como e Guarujá. “O que faremos agora? Só sei pescar”, disse em desespero um pescador. “Não há peixes, camarão, crustáceos, nada. O que faremos?”, questionou outro.
O pescador Jair Amorim disse que chegou a navegar mais de 18 km e encontrou no mar apenas animais mortos, inclusive tartarugas. Rubens de Morais Junior jovem pescador relatou que entre as espécies mortas estão Neros, em risco de extinção. “Dá vontade de chorar. É muito triste ver peixes de cerca de 30 anos de vida, com 150 quilos, que nós estávamos lutando para manter a espécie, mortos por toda parte”, disse.
Segundo a denúncia dos profissionais, a empresa “tomou a liberdade de retirar os peixes e animais mortos do mar”. “Eles estão tentando esconder o problema”, disse um pescador.
O superintendente do MPA disse que levará as informações e as dificuldades da região para o ministro Marcelo Crivella, que nos próximos dias deve tomar uma posição emergencial.
Com a catástrofe, até a venda de peixes no mercado municipal caiu 30% na primeira semana. “O consumidor está com medo de comer peixe envenenado”
Incêndio
 Diana, Marcos Alves e Edson Claudino
Uma grande explosão por volta das 6h da sexta-feira do dia 18/10 incendiou seis armazéns de açúcar  da Copersucar, a maior exportadora de açúcar do Brasil. O incêndio já é considerado o maior da história do porto santista. A área atingida é de 40 mil metros quadrados. A empresa revelou à imprensa que o incêndio atingiu cerca de 180 mil toneladas de açúcar bruto.
Foram três dias de trabalho para conter as chamas. Os bombeiros precisaram de 60 homens e um helicóptero para controlar o incêndio, que só foi totalmente extinto no domingo (20). As causas ainda não são conhecidas e estão sendo investigadas.